Por Salatiel Barros – Psicanalista e Hipnólogo Clínico
Você sabia que o vício em jogos de azar — também conhecido como ludopatia — está entre as compulsões que mais crescem no Brasil? O que começa como entretenimento inofensivo pode se transformar, pouco a pouco, em um buraco emocional profundo. Em muitos casos, o caminho termina na depressão, no isolamento e, em situações extremas, no suicídio.
É um mal silencioso, disfarçado de passatempo. O celular, a raspadinha, a aposta “só por hoje” — tudo isso pode virar uma prisão invisível. Quando a culpa chega, junto com as perdas financeiras, familiares e emocionais, a dor pode se tornar insuportável.
Como a psicanálise e a hipnoterapia podem ajudar?
A psicanálise busca compreender as raízes inconscientes desse comportamento. A partir de uma escuta acolhedora e sem julgamentos, conseguimos acessar os conflitos internos que alimentam a compulsão. Muitas vezes, o vício está ligado a traumas, sentimentos de inadequação ou à tentativa de compensar vazios emocionais com prazer imediato. O processo terapêutico ajuda o paciente a se entender, reconhecer seus mecanismos de defesa e resgatar seu valor subjetivo.
A hipnoterapia clínica, por sua vez, é uma ferramenta complementar poderosa. Em estado natural de relaxamento profundo — longe dos mitos de controle mental —, é possível acessar memórias reprimidas e padrões automáticos que sustentam o ciclo da compulsão. Trata-se de um recurso terapêutico baseado em evidências, com potencial para reprogramar crenças negativas e fortalecer o equilíbrio interno.
Mulheres: as mais afetadas, mas ainda menos compreendidas
As mulheres têm sofrido em silêncio com a ludopatia. Muitas vezes desacreditadas ou julgadas, acabam se escondendo, por medo do preconceito ou da vergonha. Isso torna o sofrimento psíquico ainda mais cruel. Precisamos abrir espaços de escuta, acolhimento e cuidado, onde elas possam buscar ajuda sem medo de rótulos ou condenações.
O alerta é real
Aqui em Ipubi, Pernambuco, já circulam relatos de mulheres que perderam tudo — inclusive quase a própria vida — por causa do vício em jogos. Essa é uma realidade que não pode mais ser ignorada. É preciso falar, informar, acolher e, sobretudo, mostrar que há caminhos para reconstrução.
Se você ou alguém que você conhece está enfrentando esse problema, saiba: não está sozinho(a). Pedir ajuda é um ato de força, não de fraqueza.
“Onde estava o id, que o ego venha a estar.”— Sigmund Freud
Essa é a proposta da terapia: transformar impulsos inconscientes em decisões conscientes. Recuperar o controle e reconquistar a liberdade de ser quem se é.

Salatiel Barros
Psicanalista, Hipnólogo Clínico
Atendimentos presenciais e online
(87) 98174-7828
Blog do Calanguinho – Cuidando da mente, falando a verdade